domingo, 19 de dezembro de 2010

O ENEM e a inclusão Social: O começo de um longo caminho

      Eis que o cenário educacional nacional sofre uma forte mudança. Muitos alegaram ser para pior, outros tantos que a educação nas universidades será desqualificada, outros ainda alegaram o que chamaram de ‘incapacidade’ de muitos acompanharem o ritmo das instituições superiores. Mas de toda forma, a mudança se fez, os processos seletivos nas universidades federais do país, em sua maioria, passaram a ser através do Exame Nacional do Ensino Médio.
Obviamente não se pode negligenciar que o problema educacional no Brasil vem das bases, e se encontram desde a educação infantil, passando por toda educação básica. Mas de fato o novo método de ingresso nas universidades possibilitou que outro público ocupe os bancos universitários. Como muitos gostam de afirmar, o funil que restringe o ingresso nas instituições de ensino superior, com um vestibular extremamente seletivo e direcionado a uma classe social, foi ‘alargado’. Nesse novo momento pessoas de classe baixa, não todos ainda é claro, estão tendo esta oportunidade. 
Devemos lembrar sempre que essas mudanças não acabam com os problemas encontrados na base da formação dos indivíduos, mas de alguma forma como medida compensatória e imediata começa a haver outro horizonte para educação. Aos muitos que alegam que o ‘nível’ universitário diminuirá, ou que os novos ingressantes são incapazes de adentrar a esse ‘mundo’, provavelmente não passem de ‘vaidosos acadêmicos’ de mais alto grau, que se julgam em última instância melhores que os demais.
Ainda que se diga que nem todas as pessoas têm preparação suficiente para ingressar, nesse país o que determina condições dignas de sobrevivência para o povo, diferente de outros países, é a educação. E quando se priva pessoas de baixa renda a ingressarem no ensino superior está também lhes negando a oportunidade de uma vida digna. E continua-se cada vez mais a oprimir a massa da população, lhes dando a posição de subordinados que por direito não é de ninguém.
O processo teve início, a caminhada ainda é longa. Ainda é preciso rever, melhorar muita coisa na educação, mas é preciso começar e começar de alguma forma. E a universidade como espaço de todo o cidadão, como deveria ser, deve se reformular ao novo momento, os professores devem rever sua prática para acolher estes alunos, e não acabar excluindo-os de novo após um ou dois semestres. Aos acadêmicos a consciência de que este espaço é pra todos, afinal os impostos que sustentam as instituições são de todos. E ainda há quem se questione sobre a ‘qualidade’ dos profissionais que serão formados. O papel será dos professores em, sem negar as origens dos novos alunos, formá-los como todos. E cabe por fim questionarmos, o que são profissionais de qualidade? E de que valem máquinas que sirvam a esse sistema mecanicista, enquanto muitos ainda vivem em condições subumanas?

(Texto escrito para a disciplina de Didática do Ensino da Biologia I)

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto. Concordo em gênero, número e grau. É preciso revolucionar a educação no Brasil e o ENEM, junto com o ProUni são os primeiros passos para isso

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